Elusivo, mas útil
Depois de rastrear centenas de milhões de objetos em todo o céu, a sonda espacial WISE (Wide-Field
Infrared Survey Explorer), da NASA, não encontrou indícios do corpo
celeste hipotético comumente chamado de "Planeta X".
Os
cientistas levantaram a hipótese da existência de um corpo celeste
grande, que deveria estar em algum lugar além da órbita de Plutão.
Sua
presença poderia explicar a até agora inexplicável regularidade das
extinções em massa encontradas nos registros arqueológicos da Terra.
Além disso, os dados indicam haver um padrão na queda de cometas na Terra, que são "arrancados" da distante Nuvem de Oort a cada 35 milhões de anos por algum evento que não se sabe o que seja.
Além
de "Planeta X", o corpo celeste hipotético que poderia explicar esses
eventos ganhou outros apelidos, incluindo Nêmesis e Tique (Tyche).
A
NASA tem apostado pesado na tentativa de confirmação da existência do
Planeta X porque não existem outras teorias para explicar esses eventos
bem documentados - recentemente surgiu uma hipótese alternativa tentando
ligar o padrão cíclico da queda de cometas com a matéria escura, mas a
associação ainda é fraca demais porque ninguém sabe nada sobre a matéria
escura.
Em ciência nada é definitivo
Mas
a NASA afirmou em nota que as conclusões não são definitivas porque os
astrônomos encontraram corpos celestes em cada uma das duas varreduras
da WISE que não apareceram na outra.
Até
agora foram analisadas duas varreduras do céu feitas pela sonda. É
necessário comparar várias visualizações de cada corpo celeste para
calcular sua distância da Terra - os mais distantes deslocam-se menos do
que os mais próximos.
"Ambos
os rastreios da WISE foram capazes de encontrar objetos que o outro não
encontrou, sugerindo muitos outros corpos celestes provavelmente
esperam para ser descobertos nos dados," diz a nota.
"Nós
acreditamos que há ainda mais estrelas lá fora, esperando para serem
encontradas pela WISE. Nós não conhecemos o quintal do nosso próprio Sol
tão bem como você poderia imaginar," acrescentou o professor Ned
Wright, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, cientista-chefe
da missão.
Mãos cheias de estrelas
Este
estudo mais recente não encontrou nenhum objeto do tamanho de Saturno
ou maior a uma distância de 10.000 unidades astronômicas (au), e nenhum
objeto maior do que Júpiter a até 26.000 au - a Terra está a 1 au do
Sol, e Plutão a cerca de 40.
Mas os astrônomos não voltaram de mãos vazias.
A
segunda varredura da WISE, que se concentrou em objetos fora do nosso
sistema solar, descobriu 3.525 estrelas anãs marrons em um raio de 500
anos-luz do Sol.
As observações capturaram imagens de cerca de 750 milhões de asteroides, estrelas e galáxias.
Em
novembro de 2013, a NASA tornou públicos os dados da WISE, que agora
astrônomos do mundo todo estão usando para procurar por novos corpos
celestes.
Em 2011, astrônomos da mesma missão acreditaram ter detectado o Planeta X, mas novas análises alteraram suas conclusões.
Outros mantêm a esperança de encontrar esse membro distante do Sistema Solar usando dados de outra missão, a Pan-STARRS.
Crédito imagem: T Pyle (SSC)/JPL-Caltech/NASA]